AS DUAS CARACTERÍSTICAS DA ALMA
Quando lemos no Alcorão a respeito da natureza do homem, frequentemente
encontramos o termo "alma". Alma, em árabe é "nefs" e significa o "eu",
"a personalidade".
O Alcorão diz que a alma do homem tem dois lados: um que governa o mal
e o outro que cuida de evitar este mal. O capítulo "O Sol" diz o seguinte:
"Pela alma e por Quem a aperfeiçoou, e lhe imprimiu o discernimento entre
o que é certo e o que é errado, que será venturoso quem a purificar (a
alma), e desventurado quem a corromper." (Alcorão 91:7-10)
A informação contida nos versículos acima é de suma importância. Quando
criou o homem, Deus inspirou o discernimento para o errado. Errado, isto
é, "fucur" em árabe, quer dizer "romper os limite do certo". No sentido
religioso, quer dizer: "experimentar o pecado e se rebelar, mentira, desobediência,
transgressão, adultério, corrupção moral, etc."
Conforme citado nos versículos acima, Deus inspira o discernimento entre
o bem e o mal. A pessoa que admite o mal em sua alma e que o impede, obedecendo
à inspiração de Deus, e purifica sua alma, será salva. Receber a vontade
de Deus, Sua Misericórdia e Seu Paraíso é a única forma para se alcançar
a salvação, ao passo que a pessoa que esconde sua alma e não a purifica
do mal que nela existe, será levado para a corrupção. Esta corrupção é
a maldição de Deus e o fim é o inferno.
Neste ponto, vemos uma consequência importante: há um lado mau em cada
alma humana. A única forma de se purificar deste mal é aceitar o que Deus
ordena e impedir que este mal encontre abrigo dentro de nós.
Uma das mais importantes diferenças entre os crentes e os incrédulos
aparece justamente aqui. Uma pessoa sabe, e aceita, que sua alma tem um
lado mau e que ela precisa impedí-lo com atitudes morais e com os conhecimentos
por ela adquiridos do Islam. Um dos maiores aspectos da religião, e do
mensageiro que comunica esta religião, é revelar a existência do mal na
alma e a forma de purificá-la. O Capítulo 2:87 assim se dirige aos judeus:
"…Cada vez que vos era apresentado um mensageiro, contrário aos vossos
interesses, vós vos ensoberbecíeis! Desmentíeis uns e assassináveis outros."
Os infiéis abrigam o mal em suas almas e não aceitam o que a religião
verdadeira lhe traz, nem a pessoa que a revela, porque contrariam seus
próprios interesses. Tais pessoas não conseguem purificar suas almas,
antes pelo contrário, abrigam este mal e o mantém lá, conforme mencionado
nos versículos.
Portanto, podemos dizer que os infiéis acatam o mal que existe em suas
almas e assim, não têm uma consciência verdadeira. É, de alguma forma,
uma vida instintiva. Neste caso, todos os comportamentos e pensamentos
são ditados pelos instintos emanados do mal existente na alma. Esta é
uma das razões pelas quais o Alcorão define os infiéis como "animais".
Diferentemente dos infiéis, os crentes conhecem Deus, temem-No e evitam
desobedecer às Suas regras. Por isto, os crentes não obedecem àquele lado
mal de suas almas, mas o enfrentam, conforme Deus ordena. No Capítulo
12, versículo 53, José diz: "Porém, eu não me escuso, porquanto o ser
é propenso ao mal, exceto aqueles de quem o meu Senhor se apiada, porque
o meu Senhor é Indulgente, Misericordiosíssimo." Este versículo nos ensina
como devemos pensar: o crente deve ser cuidadoso e ter em mente que sua
alma tentará desviá-lo do verdadeiro caminho.
Até agora, lemos sobre o lado "mau" da alma. Dentro do mesmo versículo
vimos que também é inspirado à alma impedir o mal. Este lado da alma,
que guia o homem para Deus e para as verdades da religião e para as boas
ações, é comumente chamado de espírito.
Contudo, o sentido que o Alcorão dá para espírito é muito diferente do
sentido comumente conhecido. O significado para espírito mais comumente
conhecido, inclui somente o dar aos pobres ou apoiar os direitos dos animais,
ou amar os animais, etc. Contudo, o espírito do crente faz com que ele
obedeça às regras determinadas pelo Alcorão. É o espírito que o capacita
a compreender os conceitos mencionados no Alcorão de um modo genérico.
O Alcorão, por exemplo, orienta os crentes a gastarem de seus bens mais
do que o necessário. É claro que cada pessoa define esse "mais do que
necessário". Uma pessoa desprovida de um espírito forte não concordará
com esse mandamento de Deus e, portanto, será incapaz de agradá-Lo.
O crente faz muitas escolhas durante a vida. Entre as alternativas que
se lhe apresentam, ele é obrigado a escolher aquela que está mais de acordo
com a vontade de Deus e aquela que é mais benéfica para a sua religião.
Quando ele faz sua escolha, em primeiro lugar ele se volta para dentro
de seu espírito, que lhe dirá o que mais agrada a Deus. Em segundo lugar,
seus interesses particulares estarão envolvidos e tentarão desviá-lo para
outras alternativas. Então, a alma lhe susurra as razões e as desculpas
adequadas. O Alcorão, em muitos versículos, chama nossa atenção para essas
"desculpas":
"Neste dia, a escusa dos iníquos de nada lhes valerá,
nem serão resgatados." (Alcorão 30:57)
"(Será) o dia em que aos iníquos de nada valerão
as suas escusas, senão que receberão a maldição, e terão a pior morada."
(Alcorão 40:52)
O crente não deve dar ouvidos a esta espécie de desculpa e sim ao que
o seu espírito lhe diz para fazer. Os exemplos dados no Alcorão, com relação
ao espírito dos crentes, nos leva a pensar sobre a questão. No caso do
crente que está preocupado porque não encontra um meio de lutar contra,
o Alcorão diz em um dos versículos:
"Estão isentos: os inválidos, os enfermos, os baldos de recursos, sempre
que sejam sinceros para com Deus e Seu Mensageiro.. Não há motivo de queixa
contra os que fazem o bem, e Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo. Assim
como foram considerados (isentos) aqueles que se apresentaram a ti, pedindo
que lhes arranjasses montaria, e lhes dissestes: Não tenho nenhuma para
proporcinar-vos; voltaram com os olhos transbodantes de lágrimas, por
pena de não poderem contribuir." (Alcorão 9:91-92)
Lutar contra os inimigos pode parecer muito perigoso. A pessoa que começa
lutando (numa guerra) sabe que pode morrer ou se ferir. Não obstante,
o crente quer lutar pela causa de Deus e fica triste quando ele não consegue.
Este é um exemplo notável de espírito, a que se refere o Alcorão.
A alma pode não provocar o extravio do crente num primeiro momento, mas
tenta sempre desviá-lo da religião, sugerindo compensações menores. Por
exemplo, ela tenta induzi-lo a adiar alguma coisa que ele teria que fazer
pela causa de Deus. Apresentando algumas razões, a alma tenta abalar a
sua determinação, fazendo algumas pequenas considerações. Neste caso,
as pequenas desculpas da alma são compensadas, seu impacto se torna maior
e pode, mesmo, levar o homem a abandonar sua crença em Deus. O fiel é
obrigado a se comportar de acordo com os mandamentos de Deus em cada caso,
e não de acordo com sua alma, anulando os desejos egoístas de sua alma.
Diz o Alcorão:
"Temei, pois, a Deus, tanto quanto possais. Escutai-O, obedecei-Lhe e
fazei a caridade, que isso será preferível para vós! Aqueles que se preservarem
da avareza serão os bem-aventurados." (Alcorão 64:16)
Neste versículo, os fiéis são orientados a temer a Deus, a obedecê-Lo,
a ouvir Seus conselhos e a gastar por conta d'Ele, uma vez que isto salva
a pessoa "dos desejos egoistas da sua alma" e o possibilita alcançar a
verdadeira bem-aventurança. Um outro versículo a respeito deste assunto,
é o que se segue:
"Ao contrário, quem tiver temido o comparecimento ante o seu Senhor e
tiver refreado em relação à luxúria, terá o Paraíso por abrigo." (Alcorão
79:40-41)
A alma de uma pessoa que evita os desejos egoístas e, dessa forma a purifica
e obtém a satisfação de Deus, e o Paraíso, é chamada, no Alcorão, de "alma
em completa paz e satisfação."
"E tu, ó alma em paz, retorna ao teu Senhor, satisfeita (com Ele) e Ele
satisfeito (contigo). Entra no número de Meus servos! E entra no Meu jardim!"
(Alcorão 89:27-30)
Se, pelo contrário, uma pessoa só atende aos desejos egoístas de sua
alma e inicia sua vida depois da morte sem a ter purificado, será tomada
por um profundo arrependimento e não usufruirá de qualquer benefício.
As almas arrependidas e autopunitivas de bilhões de infiéis, que viveram
ignorando a necessidade de purificação de suas almas, comporão uma terrível
e desagradável visão. Esta é a grande e inevitável realidade que espera
os infiéis. Portanto, Deus chama para testemunhar "o espírito autopunitivo",
logo após o Dia da Ressureição.
"Juro, pelo Dia da Ressurreição, e juro pela alma que reprova a si mesma."
(Alcorão 75:1-2)
VALORIZAR OS DESEJOS E PAIXÕES
Na parte anterior, analisamos o termo "alma" e vimos que ela tem dois
aspectos, e que Deus inspirou tanto o mal quanto os meios de evitá-lo.
No Alcorão, a palavra original em árabe, que é mais usada para indicar
este lado da alma, é "hewa". "Hewa" é definida como "desejo, paixão, desejo
sexual, luxúria e todos os agentes interiores negativos que arruinam o
homem".
Os infiéis tomam este lado mau e negativo da alma como seu único guia
e objetivo de vida. Toda a sua vida é organizada no sentido de satisfazer
a seus desejos e paixões. Consequentemente, eles não são capazes de compreender
as questões intrínsecas da religião. O Alcorão diz que tais pessoas são
prisioneiras de suas paixões e, por isso, não compreendem a mensagem nele
contida, nem o que os mensageiros dizem:
"E, entre eles, há os que te escutam e, ao se retirarem da tua assembléia,
dizem, àqueles que foram agraciados com a sabedoria: Que é que foi dito
agora? Tais são os que têm os seus corações sigilados por Deus, porque
se entregam às suas luxúrias." (Alcorão 47:16)
A pessoa que não purifica este aspecto mau de sua alma, tê-la-á sempre
como guia, em qualquer condição. Os desejos e paixões serão o critério
pelo qual ela decidirá o que é certo e o que é errado. Assim, a luxúria
será a "qibla" de seu coração. Consequentemente, aquela pessoa adorará
somente sua própria alma, sua própria personalidade. No Alcorão, o mais
elevado grau de tal condição é "tomar seus desejos como seu deus".
"Não tens reparado naquele que idolatrou a sua concupiscência! Deus extraviou-o
com conhecimento, sigilando os seus ouvidos e o seu coração, e cobriu
a sua visão. Quem o iluminará, depois de Deus(tê-lo desencaminhado)? Não
meditais, pois?" (Alcorão 45:23)
A pessoa que age de acordo com suas paixões e desejos, não será capaz
de pensar e distinguir o certo do errado. Esta é a pessoa a quem o Alcorão
se refere como sendo aquela que "não pode ver nem ouvir", ao passo que
o muçulmano sábio tem a compreensão suficiente para discriminar o certo
do errado. Há muitos versículos no Alcorão que falam sobre as pessoas
e as comunidades que perderam essa compreensão, porque elas obedeceram
tão somente às suas paixões, e, por isso, foram desencaminhadas:
"Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, não exagereis em
vossa religião, profanando a verdade, nem sigais o capricho daqueles que
se extravairam anteriormente, desviaram muitos outros e se desviaram da
verdadeira senda!" (Alcorão 5:77)
"Dize: Tem-me sido vedado adorar os que invocais
em vez de Deus. Dize (mais: Não seguirei a vossa luxúria; porque se o
fizer, desviar-me-ei e não me contarei entre os encaminhados." (Alcorão
6:56)
"E que vos impede de desfrutardes de tudo aquilo
sobre o qual foi invocado o nome de Deus, uma vez que Ele já especificou
tudo quanto proibiu para vós, salvo se vos fordes obrigados a tal? Muitos
se desviam, devido à luxúria, por ignorância; porém, teu Senhor conhece
os transgressores." (Alcorão 6:119)
"Deste modo to temos revelado, para que seja um
código de autoridade, em língua árabe. E se te renderes às tuas concupiscências,
depois de teres recebido a ciência, não terás protetor, nem defensor,
em Deus." (Alcorão 13:37)
"Não tens reparado em quem toma por divindade os
seus desejos? Ousarias advogar por ele?" (Alcorão 25:43)
"Ó fiéis, sede firmes em observardes a justiça,
atuando de testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra
vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o
acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los. Portanto, não
sigais os vossos caprichos, para não serdes inustos; e se falseardes o
vosso testemunho ou vos recuaardes a prestá-lo, sabei que Deus está bem
inteirado de tudo quanto fazeis." (Alcorão 4:135)
"Porém, os iníquos se entregam nesciamente às suas
luxúrias; mas quem poderá encaminhar aqueles que Deus tem deixado que
se desviem? Esses jamais terão socorredores!" (Alcorão 30:29)
"Que não te seduza aquele que não crê (a Hora)
e se entrega à concupiscência, porque perecerás!" (Alcorão 20:16)
"E se a verdade tivesse satisfeito os seus interesses, os céus e a terra,
com tudo quanto encerram, transformar-se-iam num caos. Qual! Enviamos-lhes
a Mensagem e assim mesmo a desdenharam." (Alcorão 23:71)
"Em verdade, revelamos-te o Livro corroborante e preservador dos anteriores.
Julga-os, pois, conforme o que Deus revelou e não sigas os seus caprichos,
desviando-te da verdade que te chegou. A cada um de vós temos ditado uma
lei e uma norma; e se Deus quisesse, teria feito de vós uma só nação;
porém, fez-vos como sois, para testar-vos quanto àquilo que vos concedeu.
Emulai-vos, pois, na benevolência, porque todos vós retornareis a Deus,
o Qual vos inteirará das vossas divergências. Incitamos-te a que julques
entre eles, conforme o que Deus revelou; e não sigas os seus caprichos
e guarda-te de que te desviem de algo concernente ao que Deus te revelou.
Se te refutarem, fica sanbendo que Deus os castigará por seus pecados,
porque muitos homens são depravados." (Alcorão 5:48-49)
Aquele que segue a luxúria e os desejos fúteis torna-se um cego. Esta
espécie de gente caminha para o seu próprio desastre. A fonte da palavra
"hewa", traduzida por "paixões, luxúria e desejos fúteis", também significa
fogo e opressão, o que é considerável.
ESPÍRITO E ALMA
"E tu, ó alma em paz, retorna ao teu Senhor, satisfeita (com Ele) e Ele
satisfeito (contigo)!" (Alcorão 89:27-28)
Sabemos que a alma tem dois aspectos diferentes, conforme mencionado
no Alcorão: um, onde os desejos egoístas e as paixões afastam o homem
do caminho de Deus, e o outro, que o leva a Ele e à retidão da religião,
tornando-o imune ao mal. Este aspecto da alma é chamado de espírito. A
fonte do espírito é o sopro divino vindo de Deus. Na Surata "A Prostração",
encontramos o seguinte:
"Que aperfeiçoou tudo o que criou e iniciou a criação do primeiro homem
de barro. Então, formou-lhe uma prole da essência de sêmem sutil. Depois
o modelou; então, alentou-o com o Seu Espírito. Dotou a todos vós da audição,
da visão e das vísceras. Quão pouco Lhe agradeceis!" (Alcorão 32:7-9)
Quando o homem obedece ao seu espírito, ele recebe alguns dos atributos
de Deus e comeca a ter a moral que o Alcorão ensina e que é semelhante
a de Deus. Deus é o mais Misericordioso; e o fiel, que se submete a Deus,
também é misericordioso. O crente que adora a Deus será um sábio também.
Depende de quão próxima a pessoa está de Deus e o quanto ela se submete
a Ele, para ser dotada da mais elevada moralidade e se tornar "a melhor
das criaturas". (Alcorão 98:7)
Enquanto os desejos convidam o homem para o mal, o seu espírito sempre
o chama para o bem. Não há exceção, seu espírito sempre o convoca para
o caminho certo, sejam quais forem as condições. Se a pessoa responde
a este "chamado de Deus" e age inteiramente de acordo com os princípios
básicos mencionados no Alcorão, ele progredirá sempre no caminho reto.
Na verdade, todos os critérios do Alcorão estão de acordo com a alma
do ser humano. Os dois versículos seguintes mostram isto:
"Porém, os iníquos se entregam nesciamente às suas luxúrias; mas quem
poderá encaminhar aqueles que Deus tem deixado que se desviem? Esses jamais
terão socorredores! Volta o teu rosto para a religião monoteísta. É a
obra de Deus, sob cuja qualidade inata Deus criou a humanidade. A criação
feita por Deus é imutável. Esta é a verdadeira religião; porém, a maioria
dos humanos o ignora." (Alcorão 30:29-30)
De acordo com o mencionado acima, os infiéis desviam-se porque obedecem
ao lado errado de suas almas. Os crentes, pelo contrário, devem obedecer
à religião que Deus revelou. Esta religião está de acordo com os padrões
do ser humano, ou seja, de acordo com o espírito que Deus nos alentou.
CORAÇÃO, SABEDORIA E INTELIGÊNCIA
Sabemos que há dois diferentes aspectos no ser humano, ou seja, a luxúria
e a alma. Neste ponto, os conceitos de sabedoria e não-sabedoria têm grande
importância. O Alcorão nos diz que obedecer às paixões leva à não-sabedoria,
enquanto que a obediência à alma traz sabedoria.
Conforme citamos antes, a pessoa que obedece aos seus desejos, esquece-se
de Deus e, em muito pouco tempo, perde sua sabedoria. Quando se refere
aos infiéis, o Alcorão afirma que "eles são um povo destituído de sabedoria"
(Alcorão 59:14). De início, este processo pode não ser muito bem entendido,
porque muitos acham que cada pessoa tem um grau mínimo de sabedoria e
que este grau não varia. Isto é um equívoco, porque confunde sabedoria
com inteligência. Contudo, sabedoria e inteligência são conceitos totalmente
diferentes. Todo mundo pode ser inteligente, no entanto, somente os crentes
são dotados de sabedoria.
A sede da sabedoria, a que se refere o Alcorão, é o "coração". O Alcorão
fala sobre "os corações que aprendem a sabedoria". Portanto, a verdadeira
sabedoria está muito além da inteligência, que nada mais é do que uma
função do cérebro. A sabedoria está colocada no coração, juntamente com
a alma. Os versículos do Alcorão mencionam que o sentido da sabedoria
é encontrado no coração e as pessoas destituídas de sabedoria não podem
entender porque seus corações eatão selados:
"Não percorreram eles a terra, para que seus corações
verificassem o ocorrido? Talvez possam, assim, ouvir e raciocianr! Todavia,
a cegueira não é a dos olhos, mas a dos corações, que estão em seus peitos!"
(Alcorão 22:46)
"Temos criado para o inferno numerosos gênios e
humanos com corações com os quais não compreendem, olhos com os quais
não vêem, e ouvidos com os quais não ouvem. São como as bestas, quiçá
pior, porque são displicentes." (Alcorão 7:179).
Preferiram ficar com os incapazes e seus corações
foram sigilados; por isso não compreendem." (Alcorão 9:87)
"E sigilamos os seus corações para que não o compreendessem,
e ensurdecemos os seus ouvidos. E, quando, no Alcorão, mencionas unicamente
teu Senhor, voltam-te as costas desdenhosamente." (Alcorão 17:46)
Algumas pessoas têm o coração que é o centro da sabedoria, o que não
acontece com outras. O Alcorão observa que somente as pessoas que "têm
coração" é que estão atentas e crêem.
"Em verdade, nisso há uma mensagem para aquele que tem coração, que escuta
atentamente e é testemunha (da verdade)." (Alcorão 50:37)
Portanto, a sabedoria mencionada no Alcorão está diretamente relacionada
com o coração e a alma. O dado interessante é que a sabedoria pode tanto
aumentar como diminuir. A menos que haja uma doença importante, o grau
de inteligência é constante na pessoa. Contudo, o mesmo não se aplica
à sabedoria, porque ela tanto cresce como diminui. E isto está diretamente
relacionado com a alma da pessoa. Se sua alma se fortalece e teme a Deus,
esta pessoa aumenta o seu nível de compreensão capaz de lhe permitir o
discernimento do certo e do errado. Este ponto absolutamente metafísico
está citado nos versículos do Alcorão, abaixo:
Ó fiéis, se temerdes a Deus, Ele vos concederá discernimento, apagará
os vossos pecados e vos perdoará, porque Ele é Agraciante por excelência."
(Alcorão 8:28)
Ao passo que a pessoa que não teme a Deus, falta-lhe o "critério para
julgar entre o certo e o errado". Tal pessoa pode, na verdade, ser muito
inteligente, um físico de renome, um sociólogo ou qualquer outra coisa;
ele pode criar muitas saídas inteligentes, mas, falta-lhe o espírito verdadeiro,
e, portanto, a verdadeira sabedoria. Se fôr um cientista admirável, ele
pode até revelar os mistérios desconhecidos do corpo humano. Mas, não
possui o espírito e a compreensão para conceber o Criador daquele corpo.
Tal pessoa começa por se louvar, ao invés de se voltar a Deus para louvá-Lo.
Ele "toma por seu deus suas paixões e Deus, intencionalmente, permite
que ele se extravie". E seu coração está selado.
"Não tens reparado naquele que idolatrou a sua
concupiscência! Deus extraviou-o com conhecimento, sigilando os seus ouvidos
e o seu coração, e cobriu a sua visão. Quem o iluminará, depois de Deus
(tê-lo desencaminhado)? Não meditais, pois?" (Alcorão 45:23)
"Que são fiéis e cujos corações sossegam com a
recordação de Deus. Não é, acaso, certo, que à recordação de Deus sossegam
os corações?" (Alcorão 13:28)
O coração dos infiéis é definido nos versículos abaixo:
"Deus selou os seus corações e os seus ouvidos;
seus olhos estão velados e sofrerão um severo castigo." (Alcorão 2:7)
"E também se distinguissem os hipócritas, aos quais
foi dito: Vinde lutar pela causa de Deus, ou defender-vos. Disseram: Se
soubéssemos combater, seguir-vos-íamos! Naquele dia, estavam mais perto
da incredulidade do que da fé, porque diziam, com as suas bocas, o que
não sentiam os seus corações. Porém, Deus bem sabe tudo quanto ocultam."
(Alcorão 3:167)
O conceito de "corações para compreender", e o fato de que os olhos do
coração podem se tornar cegos, testemunham que, compreender e conceber,
são funções importantes do coração e não do cérebro. E a sabedoria é inerente
aos fiéis - por isso, os crentes são chamados de "aqueles que são dotados
de compreensão":
"Que escutam as palavras e seguem o melhor (significado) delas! São aqueles
que Deus encaminha, e são os sensatos." (Alcorão 39:18)
A inteligência é desprovida de critérios de certo e errado e não alcança
os aspectos mais complexos dos acontecimentos, que são atributos da sabedoria.
Por consequência, somente os homens dotados de compreensão podem entender
o Alcorão. Constantemente os versículos mencionam que o homem destituído
de entendimento não pode perceber o verdadeiro sentido da mensagem do
Alcorão:
"Ele concede sabedoria a quem Lhe apraz e todo aquele que for agraciado
com ela, sem dúvida terá logrado um imenso bem; porém, salvo os sensatos,
ninguém o compreende." (Alcorão 2:269)
A inteligência não ajuda na avaliação e recordação da mensagem, nem no
discernimento do certo e do errado. Uma pessoa inteligente pode criar
um fato científico, ser um homem de negócios vitorioso ou um político.
A questão importante é que ele faz o que faz sem qualquer juízo de valor
sobre os benefícios ou prejuízos de seus atos - como um computador. Ele
não tem resposta para os acontecimentos que ouviu de muitos, como se fosse
cego. Este fato confirma os versículos que dizem que este tipo de gente
é cega e surda e não tem compreensão. Portanto, a declaração de que "…seus
corações estão selados e por isso não compreendem nada" é um exemplo fundamental,
que indica a importância do coração para o entendimento.
"Preferiram ficar com os incapazes e seus corações foram sigilados; por
isso não compreendem." (Alcorão 9:87)
A razão mais importante para que o coração se torne destituído de compreensão
é aquela que o leva a tomar, como seu deus, as paixões e desejos. Assim,
haverá um selo sobre este coração, que perderá completamente sua capacidade
de entendimento, e não será capaz de ouvir ou conceber coisas. Uma pessoa
nessas condições jamais será um sábio, a menos que Deus assim o deseje:
"Não tens reparado naquele que idolatrou a sua concupiscência! Deus extraviou-o
com conhecimento, sigilando os seus ouvidos e o seu coração e cobriu a
sua visão. Quem o iluminará, depois de Deus (tê-lo desencaminhado)? Não
meditais, pois?" (Alcorão 45:23)
O Alcorão, em inúmeros outros versículos, menciona a relação entre o
coração e o comportamento humano, conforme mostrado a seguir:
A intercessão de Deus entre o homem e o seu coração
"Ó fiéis, atendei a Deus e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação.
E sabei que Deus intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis
congregados ante Ele." (Alcorão 8:24)
A afeição nos corações
"E foi Quem conciliou os seus corações. E ainda
que tivesses despendido tudo quanto há na terra, não terias conseguido
conciliar os seus corações; porém, Deus o conseguiu, porque é Poderoso,
Prudentíssimo." (Alcorão 8:63)
"E apegai-vos, todos, ao vínculo com Deus e não
vos dividais; recordai-vos das mercês de Deus para convosco, porquanto
éreis adversários mútuos e Ele conciliou os vossos corações e, mercê de
Sua graça, vos convertestes em verdadeiros irmãos; e quando estivestes
à beira do abismo infernal, (Deus) dele vos salvou. Assim, Deus vos elucida
os Seus versículos, para que vos ilumineis." (Alcorão 3:103)
Penetrar os corações
"E quando aceitamos o vosso compromisso e elevamos o Monte acima de vós,
dizendo-vos: Recebei com firmeza tudo quanto vos concedermos e escutai!,
disseram: Já escutamos, porém nos rebelamos! E, por sua incredulidade,
imbuíram os seus corações com a adoração do bezerro. Dize-lhes: Quão destestável
é o que vossa crença vos inspira, se é que sois fiéis!" (Alcorão 2:93)
A piedade nos corações
"Tal será. Contudo, quem enaltecer os símbolos de Deus, saiba que tal
(enaltecimento) partirá de quem possuir piedade nos corações." (Alcorão
22:32)
A conquista dos corações
"As esmolas são tão-somente para os pobres, para os necessitados, para
os funcionários empregados em sua administração, para aqueles cujos corações
têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, para os endividados,
para a causa de Deus e para o viajante; isso é um preceito emanado de
Deus, porque é Sapiente, Prudentíssimo." (Alcorão 9:60)
A paz dos corações
"Que são fiéis e cujos corações sossegam com a
recordação de Deus. Não é, acaso, certo, que à recordação de Deus sossegam
os corações?" (Alcorão 13:28)
"Tornaram a dizer: Desejamos desfrutar dela, para
que os nossos corações sosseguem e para que saibamos que nos tens dito
a verdade, e para que sejamos testemunas disso." (Alcorão 5:113)
"Os fiéis que praticam o bem e se humilham ante
seu Senhor serão os diletos do Paraíso, onde morarão enternamente." Alcorão11:23)
"Quanto àqueles que receberam a ciência, saibam
que ele (o Alcorão) é a verdade do teu Senhor; que creiam nele e que seus
corações se humilhem ante ele, porque Deus guia os fiéis até à senda reta."
(Alcorão 22:54)
"Deus não o fez senão como anúncio para vós, a fim de sossegar os vossos
corações. Sabei que o socorro só emana de Deus, o Poderoso, o Prudentíssimo."
(Alcorão 3:126)
Os corações que se firmam
"E tudo o que te relatamos, da história dos mensageiros, é para se firmar
o teu coração. Nesta (surata) chegou-te a verdade, e a exortação e a mensagem
para os fiéis." (Alcorão 11:120)
Corações que estão vazios (vazio nos corações)
"Correndo a toda a brida, com as cabeças hirtas, com os olhares inexpressivos
e os corações vazios." (Alcorão 14:43)
Infundir o terror nos corações
"Infundiremos terror nos corações dos incrédulos, por terem atribuídos
parceiros a Deus, sem que Ele lhes tivesse conferido autoridade alguma
para isso. Sua morada será o fogo infernal. Quão funesta é a morada dos
iníquos!" (Alcorão 3:151)
Corações repletos de repulsa e horror
"E quando é mencionado Deus, o Único, repugnam-se os corações daqueles
que não crêem na outra vida; não obstante, quando são mencionados outras
divindades, em vez d'Ele, ei-los que se regozijam!" (Alcorão 39:45)
Corações que se inclinam
"Que lhes prestem atenção os corações daqueles que não crêem na vida
futura; que se contentem com eles, e que lucrem o que quiserem lucrar."
(Alcorão 6:113)
Angústias e arrependimentos nos corações
"Ó fiéis, não sejais como os incrédulos, que dizem de seus irmãos, quando
estes viajam pela terra ou quando estão em combate: Se tivessem ficado
conosco, não teriam morrido, nem sido assassinados! Com isso, Deus infunde-lhes
angústia nos corações, pois Deus concede a vida e a morte, e Deus bem
vê tudo quanto fazeis." (Alcorão 3:156)
Falar o que o coração não sente
"E também se distinguissem os hipócritas, aos quais foi dito: Vinde lutar
pela causa de Deus, ou defender-vos. Disseram: Se soubéssemos combater,
seguir-vos-íamos! Naquele dia, estavam mais perto da incredulidade do
que da fé, porque diziam, com as suas bocas, o que não sentiam os seus
corações. Porém, Deus bem sabe de tudo quanto ocultam." (Alcorão 3:167)
Manter segredos no coração
"São aqueles, cujos segredos dos corações Deus bem conhece. Evita-os,
porém exorta-os e fala-lhes com palavras que invadam os seus ânimos."
(Alcorão 3:63)
Despedaçar os corações
"A construção dela não cessará de ser causa de dúvidas em seus corações,
a menos que seus corações se depedacem. Sabei que Deus é Sapiente, Prudentíssimo."
(Alcorão 9:110)
Desviar corações
"(Que dizem:) Ó Senhor nosso, não desvies os nossos
corações, depois de nos teres iluminado, e agracia-nos com a tua misericórdia,
porque Tu és o Munificente por excelência." (Alcorão 3:8)
"Sem dúvida que Deus absolveu o Profeta, os migrantes
e os socorredores, que o seguiram na hora angustiosa em que os corações
de alguns estavam prestes a fraquejar. Eles os absolveu, porque é para
com eles Compassivo, Misericordiosíssimo." (Alcorão 9:117)
Corações assemelhados
"Os néscios dizem: 'Por que Deus não fala conosco, ou nos apresenta um
sinal?' Assim falaram, com as mesmas palavras, os seus antepassados, porque
os seus corações se assemelham aos deles. Temos elucidado os versículos
para a gente persuadida." (Alcorão 2:118)
Corações que resistem
"Como pode haver (qualquer tratado) quando, se tivessem a supremacia
sobre vós, não respeitariam parentesco nem compromisso? Satisfazem-vos
com palavras, ainda que seus corações as neguem, e sua maioria é depravada."
(Alcorão 9:8)
Fé que não penetra o coração
"Os beduínos dizem: Cremos! Dize-lhes: Qual! Ainda não credes; deveis
dizer: Tornamo-nos muçulmanos, pois que a fé ainda não penetrou vossos
corações. Porém, se obedecerdes a Deus e ao Seu Mensageiro, em nada serão
diminuídas as vossas obras, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo."
(Alcorão 49:14)
Doença no coração
"Em seus corações há morbidez, e Deus os aumentou
em morbidez e sofrerão um castigo doloroso por suas mentiras." (Alcorão
2:10)
"Verás aqueles que abrigam a morbidez em seus corações
apressarem-se em ter intimidades com eles, dizendo: Tememos que nos açoite
uma vicissitude! Oxalá Deus te apresente a vitória ou algum outro desígnio
Seu e, então, arrepender-se-ão de tudo quanto haviam maquinado." (Alcorão
5:52)
"Ele faz das sugestões de Satanás uma prova, para
aqueles que abrigam a morbidez em seus corações e para aqueles cujos corações
estão endurecidos, porque os iníquos estão em cisma distante (da verdade)!"
(Alcorão 22:53)
"Apesar disso, os vossos corações se endurecem;
são como as rochas, ou ainda mais duros. De algumas rochas brotam rios
e outras se fendem e delas mana a água, e há ainda outras que desmoronam,
por temor a Deus. Mas Deus não está destanto a tudo quanto fazeis." (Alcorão
2:74)
"Se ao menos quando Nosso castigo os açoitou, se
humilhassem… Não obstante, seus corações se endureceram e Satanás lhes
abrilhantou o que faziam." (Alcorão 6:43)
"Porventura, aquele a quem Deus abriu o coração ao Islam, e está na Luz
de seu Senhor … (não é melhor do que aquele a quem sigilou o coração)?
Ai daqueles cujos corações estão endurecidos para a recordação de Deus!
Estes estão em evidente erro!" (Alcorão 39:22)
Corações sigilados
"(Porém, fizemo-los sofrer as consequências) por
terem quebrado o pacto, por negarem os versículos de Deus, por matarem
iniquamente os profetas, e por dizerem: Nossos corações estão insensíveis!
Todavia, Deus lhes obliterou os corações, por causa de suas perfídias.
Em quão pouco acreditam!" (Alcorão 4:155)
"Não meditam, acaso, no Alcorão, ou que seus corações
são insensíveis?" (Alcorão 47:24)
"Não é, porventura, elucidativo para aqueles que
herdaram a terra dos seus antepassados que, se quiséssemos, exterminá-los-íamos
por seus pecados e selaríamos os seus corações para que não compreendessem?"
(Alcorão 7:100)
"Deus selou os seus corações e os seus ouvidos;
seus olhos estão velados e sofrerão um severo castigo." (Alcorão 2:7)
"Ó Mensageiro, que não te atribulem aqueles que
se digladiam na prática da incredulidade, aqueles que dizem com suas bocas:
Cremos!, conquanto seus corações ainda não tenham abraçado a fé. Entre
os judeus, há os que escutarão a mentira e escutarão mesmos outros, que
não tenham vindo a ti. Deturpam as palavras, de acordo com a sua conveniência,
e dizem (a seus seguidores): Se vos julgarem, segundo isto (as palavras
deturpadas), aceitai-o; se não vos julgarem quanto a isso, precavei-vos!
Porém, a quem Deus quiser pôr à prova, nada poderás fazer para livrá-lo
de Deus. São aqueles cujos corações Deus não purificará, os quais terão
um aviltamento neste mundo, e no outro sofrerão um severo castigo." (Alcorão
5:41)
"Logo, depois dele, enviamos mensageiros aos seus
povos, os quais lhes apresentaram as evidências; mesmo assim, não creram
no que antes haviam desmentido. Assim, sigilamos os corações dos transgressores."
(Alcorão 10:74)
"Tais eram as cidades, de cujas histórias te narramos
algo: sem dúvida que seus mensageiros lhes haviam apresentado as evidências;
porém, era impossível que cressem no que haviam desmentido anteriormente.
Assim, Deus sigila os corações dos incrédulos." (Alcorão 7:101)
"Serão recriminados aqueles que, sendo ricos, pediram-te
para serem eximidos, porque preferiram ficar com os incapazes. Mas, Deus
selou suas mentes, de sorte que não compreendem." (Alcorão 9:93)
"Dize-lhes: Que vos pareceria se Deus, repentinamente, vos privasse da
audição, extinguisse-vos a visão e vos selasse os corações? Que outra
divindade, além de Deus, poderia restaurá-los? Repara em como lhes expomos
as evidências e, não obstante, as desdenham!" (Alcorão 6:46)
Todos os versículos acima, explicitamente admitem que a fé não é algo
completamente físico, mas que está vinculada ao coração. A pessoa cujo
coração não se endureceu ou não foi sigilado, tem um tendência natural
para conhecer Deus e obedecê-Lo. Quando a religião lhe é transmitida,
ela percebe a verdade com o seu coração e imediatamente crê. Por outro
lado, em relação aos incrédulos, o processo é diferente. Seus corações
estão mortos e selados, estão destituídos de sabedoria porque se endureceram.
Portanto, não há a possibilidade de eles crerem. Alguns versículos do
Alcorão fazem referência aos incrédulos que não crêem no que quer que
seus olhos vêem, ou no que seus ouvidos ouvem, ao passo que outros versículos
falam do modo como os fiéis sabem obedecer:
"A palavra provou ser verdadeira sobre a maioria deles, pois que são
incrédulos. Nós sobrecarregaremos os seus pescoços com correntes até ao
queixo, para que andem com as cabeças hirtas. E lhes colocaremos uma barreira
pela frente e uma barreira por trás, e lhes ofuscaremos os olhos, para
que não possam ver. Tanto se lhes dá que os admoestes ou não; jamais crerão.
Admoestarás somente quem seguir a Mensagem e temer intimamente o Clemente;
anuncia a este, pois, uma indulgência e uma generosa recompensa." (Alcorão
36:7-11)
"Quanto aos incrédulos, tanto se lhes dá que os
admoestes ou não os admoestes; não crerão. Deus selou os seus corações
e os seus ouvidos; seus olhos estão velados e sofrerão um severo castigo."
(Alcorão 2:6-7)
"Certamente, tu não poderás fazer os mortos ouvir,
nem fazer-te ouvir pelos surdos (especialmente) quando fogem, como tampouco
és guia dos cegos em seu erro, porque só podes fazer-te escutar por aqueles
que crêem nos Nossos versículos e são muçulmanos." (Alcorão 27:80-81)
Além dos incrédulos, cujos corações se endureceram e, por isso, perderam
a sabedoria, existem também as pessoas que ainda não conhecem a religião,
mas seus corações estão vivos e elas possuem almas. Quando a religião
lhes é transmitida, elas compreendem que a religião é verdadeira e imediatamente
passam a crer em Deus e em Sua religião. O grande contraste entre estes
dois grupos de pessoas, os incrédulos com os corações endurecidos e aqueles
que não conhecem a religião, é que o primeiro é arrogante e o outro grupo
é modesto, simples e humilde. (Mais adiante, modéstia e arrogância serão
estudadas mais detalhadamente.) Um exemplo pode ser encontrado no Alcorão,
a respeito dos judeus que são arrogantes e pretenciosos e, consequentemente
"seus corações se endureceram" (Alcorão 5:13) e aqueles que são modestos.
O Alcorão declara:
"Constatarás que os piores inimigos dos fiéis,
entre os humanos, são os judeus e os idólatras. Constatarás que, aqueles
que estão mais próximos do afeto dos fiéis, são os que dizem: Somos cristãos!,
porque possuem sacerdotes e não se ensoberbecem de coisa alguma. E, ao
escutarem o que foi revelado ao Mensageiro, tu vês lágrimas a lhes brotarem
nos olhos; reconhecem naquilo a verdade, dizendo: Ó Senhor nosso, cremos!
Inscreve-nos entre os testemunhadores!" (Alcorão 5:82-83)
Quando a religião é transmitida às pessoas que
têm uma natureza mais parecida com a dos crentes, dizem "Senhor Nosso!
Ouvimos um pregoeiro que nos convoca à fé dizendo: Crede em vosso Senhor!
E cremos …" (Alcorão 3:193).
Quanto aos incrédulos, estes sempre resistem e mostram um comportamento
contrário. Esta profunda diferença se dá porque os membros desses dois
grupos são de naturezas diferentes. Os incrédulos são destituídos de sabedoria
e alma para compreenderem o Alcorão. Conforme mencionado em muitos versículos,
não há necessidade de sentir tristeza porque eles não crêem. O único objetivo
que eles têm em mente é ganhar sempre mais em prazer: comer mais e gastar
mais. Na verdade, são graças doadas por Deus, mas que somente os crentes
apreciam. Os incrédulos somente se beneficiam da graça que eles conseguem
perceber à volta deles - não compreendem que são graças dadas por Deus
somente. Por isso é que eles podem pensar como uma espécie inteligente
de macaco: no final das contas, somente um macaco, um animal … (Curioso
que muitos deles, ao aceitarem a teoria da evolução de Darwin, se acham
membros de uma espécie mais evoluída de macaco).
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